Despedida

É fim de tarde
e o sol se despede
tingindo as paredes da casa com sua luz
Eu vou embora devagar

sem fazer barulho

sem fazer alarde

Prometo que não levo nada

nenhuma lembrança

nenhuma palavra
E quando notares a minha ausência

já estarei longe daqui
não lembrarei de você
nem do seu nome
nem do seu rosto

Minha palavra

Eu escrevo

por que não tenho nada

tenho só palavra

não tenho rima 

nem pontos

nem porquês

tenho só palavra

É o que me resta

resto de palavra

O choro

Um corpo que já não aguenta mais o peso do próprio coração
Um choro que rompe o silêncio da madrugada
Não é chorinho e nem bossa
É choro de água salgada
De um mar vermelho que pulsa
De um corpo cansado da ressaca do mar